Em uma leitura cuidadosa do
Novo Testamento, é óbvio que o sofrimento é uma grande parte da experiência
cristã. Embora alguns preferissem tentar eliminar o sofrimento do evangelho,
ele claramente faz parte de cada livro do Novo Testamento. Já que Cristo sofreu
e morreu por nós, porque é necessário que soframos? Mais uma vez, isto tem a
ver com entrar na experiência de Cristo. A Bíblia diz: “ele que sofreu na
carne, foi liberto do pecado” (I Pedro 4:1). Pedro nos ensina que somos
participantes do sofrimento de Cristo (I Pedro 4:13). Paulo afirma que somos
“participantes dos sofrimentos” (II Cor 1:7) e que ele estava entrando no
“companheirismo de Seus sofrimentos” (Fil 3:10). Estes e outros versículos
mostram claramente que os seguidores de Nosso Senhor Jesus Cristo
experimentarão sofrimentos, não apenas vindos do diabo, mas também pelas mãos
de Deus. Porque isto é necessário e como isto funciona?
Uma razão importante para que
Deus permita o sofrimento é efetuar transformação em nossas vidas. Todos no
mundo sofrem, de uma maneira ou de outra. Entretanto, não são transformados à
imagem de Cristo. Mas o sofrimento que Deus permite serve para um propósito
muito importante para aqueles que estão entrando na Vida. As dificuldades e
dores pelas quais passamos nesta vida trabalham em nós para expor o pecado.
Quando sofremos, nossa reação a isto é freqüentemente pecaminosa. Nós
reclamamos, nos tornamos indivíduos lamurientos. Nós nos tornamos irados,
amargos, incapazes de amar e odiosos. Nossas dificuldades mais severas trazem
de dentro de nós todo tipo de impiedades. Subitamente, nossa própria retidão,
nossa própria bondade não existem mais.
Por exemplo, quando alguém
causou a você uma extrema dor física ou emocional por muitos anos, mais cedo ou
mais tarde, seu próprio esforço para suportar se esgota. Seu coração se volta
contra ela. Você gostaria de vê-la morta. Você se torna um assassino em seu
coração! Não, espere! Você não se torna um assassino, você sempre foi um,
apenas isto estava dentro de você, escondido de você e dos outros. Esta e
muitas outras reações similares são expostas dentro de nós pela operação do
sofrimento.
Até que tenhamos sofrido
realmente, não sabemos como somos interiormente. Deus, entretanto, sabe o que
permanece dentro dos nossos corações. Portanto, ele permite que soframos, para
mostrar-nos o que Ele realmente vê. O sofrimento é a escavadeira de Deus.
Através dele, Deus escava em nossos corações para revelar as profundezas do mal
que lá reside. Freqüentemente somos tentados a pensar que não somos realmente
aquele tipo de pessoa, é apenas o sofrimento por esta determinada situação que
nos fez agir ou falar assim. Meu amigo, deixe-me contar-lhe um segredo. Nada
pode sair de seu coração se já não estiver lá dentro. É “a boca fala do que o
coração está cheio” (Lucas 6:45). Nós pecamos porque o pecado mora em nossos
corações. Pecar é da nossa natureza. Em cada ser humano moram, mais ou menos
escondidos, as mais repulsivas reações e desejos. Tudo o que precisam é de uma
oportunidade adequada para se expressarem. Assassinato, luxúria, ódio, paixões
imundas, falatório, mentira, ganância, orgulho, ciúme e muitas outras coisas
detestáveis moram em cada homem natural. Se você não sabe disto a respeito de
si mesmo, então você realmente ainda não sofreu e não teve a oportunidade de
realmente se arrepender diante de Deus por aquilo que você é.
O sofrimento, então, nos traz
a oportunidade de morrer. Quando o pecado é revelado dentro de nós, então nós
temos a magnífica oportunidade de negar a nós mesmos. Nós podemos negar à nossa
própria vida o direito de expressar sua própria reação natural à nossa
situação. Podemos, pelo Espírito Santo, morrer para nós mesmos e viver para
Deus. É assim que o sofrimento pode trabalhar para o nosso bem. Quando sofremos
e encontramos em nosso interior reações ruins, podemos clamar a Deus para que
Ele substitua aquilo que somos por aquilo que Ele é. Podemos orar
fervorosamente para que não nos seja permitido viver expressando tal
mesquinhez, mas que Ele viva em nós e através de nós. Crescemos
espiritualmente, não simplesmente por sofrer, mas por nos voltarmos para Deus
no sofrimento. Através da operação do Espírito Santo, a morte de Cristo pode
ser aplicada à nossa velha vida e uma nova vida eterna pode viver em seu lugar.
Jesus já passou pela morte por nós. Quando nós entramos Nele, que dizer,
entramos em Sua presença pelo Espírito durante o sofrimento, então
descobriremos a glória de Sua ressurreição.
Há sempre uma grande
tentação, quando sofremos, de procurar conseguir libertação, descobrir uma
forma de “escapar” da situação que está provocando dor. Então, como Pedro com o
Senhor, sempre haverá uma pessoa bem intencionada por perto, para nos encorajar
a fazer exatamente aquilo. Quão fácil seria apenas descer da cruz e aliviar
nosso sofrimento e morte da vida natural. Quão fácil é “conseguir aquele
divórcio” ou sair de uma situação desconfortável! Entretanto, se tomarmos este
caminho, jamais entraremos na plenitude de Cristo e na glória de Sua
ressurreição. A escolha é nossa e deve ser feita a cada dia.
Não vamos nos censurar por
nossa situação por causa da nossa reação a ela. Quando o Senhor Jesus foi
tentado, nada impuro foi encontrado. Antes que os judeus sacrificassem um
cordeiro, era necessário que o sacerdote o examinasse para ver se havia nele
algum defeito. Assim também, antes que Jesus fosse sacrificado por nós, era
necessário que Ele fosse examinado por qualquer imperfeição. Pôncio Pilatos o
examinou. Herodes também teve a oportunidade. Os soldados romanos tiveram todas
as chances possíveis de testar e tentar o Filho de Deus. Ele foi escarnecido,
espancado, desnudado, torturado e, finalmente, morto. Durante todo este tempo,
Ele não disso uma única palavra errada. Não expressou nenhuma atitude má. Nem
sequer uma única expressão de Sua face revelou ódio ou vingança. Este era
verdadeiramente santo. Nada pecaminoso espreitava dentro Dele, portanto nada
mau poderia sair Dele. Ele passou no teste. Pilatos disse: “Não encontrei nenhum erro neste homem!”
(Lucas 23:4). Tenho certeza de que ele não poderia dizer isto a respeito de
nenhum outro homem. Herodes desistiu de tentar e devolveu-O a Pilatos. O líder
dos soldados que, sem dúvida, tinha visto muitos outros homens esmagados sob
tais torturas, testificou:
“Verdadeiramente, Este era o Filho de Deus!” (Mat 27:54). Ali estava um homem perfeito, sem pecado.
“Verdadeiramente, Este era o Filho de Deus!” (Mat 27:54). Ali estava um homem perfeito, sem pecado.
Queridos amigos, este é o
Cristo que vive em cada crente. Sua vida está em nós e Ele deseja
demasiadamente ser manifestado através de nós em cada situação de nossas vidas.
O único obstáculo somos nós. Estamos prontos e desejosos de morrer para nós
mesmos para sermos enchidos com Ele? Estamos desejosos de sermos libertos do
que somos para recebermos aquilo que Ele é? Ele não fará nada dentro de nós sem
nossa completa permissão. Precisamos estar prontos para morrer, para tomar
nossa cruz e segui-Lo. Vamos concordar com a sentença de morte de Deus sobre a
raça caída. Vamos permitir, através de Jesus, que Ele execute Seu julgamento
sobre ela. Só então estaremos na posição de experimentarmos tudo o que Ele é.
Somente quando já tivermos experimentado a morte de Cristo trabalhando,
inteiramente dentro de nós e a ressurreição de Cristo fluindo através de nós,
então seremos capazes de dizer como Paulo: “Não sou mais eu que vivo, mas
Cristo vive em mim” (Gal 2:20). Isto precisa não apenas permanecer como nossa
doutrina, mas tornar-se nossa experiência.
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