terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Elias e a longa seca sobre Israel


Por Eliseu Antonio Gomes

Nomenclaturas

Existe uma diferença entre os fenômenos climáticos seca e estiagem. Ambas provocam a insuficiência de chuvas. Porém, há um conceito metereológico que define a seca como um fenômeno permanente, enquanto a estiagem acontece por determinado intervalo de tempo.

Baal e Aserá

Baal era a principal divindade masculina dos fenícios e dos cananeus, era considerado o deus do trovão, do raio e da fertilidade, simbolizava as forças da natureza e supostamente possuía poder sobre os fenômenos naturais.

A deusa Aserá era a esposa de Baal, adorada entre os sidônios e na mitologia cananéia.

Fidelidade, infidelidade, escassez e fome

A Escritura revela que a fome era extrema em Samaria. O grande período sem chover provava que Baal era um deus falso. A passagem bíblica de 1 Reis 18.5 revela que inclusive os cavalos de montaria do rei sofriam com sede e fome.

Até mesmo em uma grande escassez Deus nunca se esquece dos seus servos fiéis. Enquanto os idólatras padeciam durante o tempo que não chovia, o Senhor revelava-se de maneira maravilhosa ao enviar provisão aos que não dobraram seus joelhos a Baal. Não faltou água e comida para Elias durante a estiagem, como também não falou provisão aos muitos outros profetas do Senhor (1 Reis 17.1-7; 18.4; 19.18).

O apóstolo Paulo nos deu um depoimento sobre sua fé em Deus independente das condições em que se encontrava, que todo cristão precisa estar disposto a imitar: "Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece" - Filipenses 4.12-13.

O monte Carmelo

O monte Carmelo era o pico de uma cordilheira, as cadeias de monhanhas que ele fazia parte se estendiam do sudeste de Israel até o Mediterrâneo. O local era o mais famoso centro religioso de adoração a Baal, onde havia santuários pagãos nos quais prestava-se culto ao falso deus pedindo o retorno das chuvas e boas colheitas.

O longo período em que não chovia sobre o reino do norte criou as condições para que Elias desafiasse os profetas de Baal e de Aserá, provasse que tais divindades não passavam de deuses falsos.

O teste da verdade

No monte Carmelo, Elias resolveu realizar o teste da verdade e mostrar a superioridade de Jeová contra Baal. Era o ambiente mais que propício ao desafio, pois haviam novecentos sacerdotes pagãos e grande aglomeração de corações israelitas idólatras. Conferir: 1 Reis 17.1, 2; 18.1, 2, 19. 21, 39.

Com firmeza de fé, Elias convidou o rei Acabe e os sacerdotes de Baal ao cume do monte para realizarem uma prova de fogo, com a finalidade de determinar quem adorava ao Deus verdadeiro. O teste que o profeta estabeleceu colocava a sua vida em risco: o Deus verdadeiro responderia à oração do seu adorador com fogo para queimar a oferta de sacrifício. Se Baal enviasse fogo, Elias seria morto. Mas Elias se sentiu tranquilo porque tinha convicção que Baal sequer existia e que era servo do Deus vivo. Em reação à ação de Elias, Deus enviou uma das respostas de oração mais espetaculares registradas na Bíblia Sagrada, capitulada em 1 Reis 18.22-40.

Fé e coragem

Elias era um homem perseguido por causa de sua religião, era ilegal ser um profeta do Senhor durante o reinado de Acabe e rainha Jezabel. Com coragem ele se opunha a religião idólatra financiada pelo Estado, requerida por lei.

Elias era uma mero cidadão entre o povo simples que seguia com o coração dividido, idolatrando Baal, Aserá, e ao mesmo tempo a Jeová. A clássica pergunta (até quando coxeareis entre dois pensamento?) revela o coração infiel dos judeus, que deveriam adorar apenas ao Senhor, mas sob pressão curvavam os joelhos a Baal. José Gonçalves, comentarista da revista Lições Bíblicas, ao abordar essa interrogação, escreveu: "A palavra hebraica "as'iph", traduzida como pensamentos, mantém o sentido de ambivalência ou opinião dividida. A idolatria havia dividido o coração do povo."

Pela perspectiva humana, a proporção desigual de pessoas, quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e quatrocentos e cinquenta profetas de Aserá contra um profeta do Senhor, revela a fé e coragem de Elias. Ele sabia que estava na condição de alguém desprotegido apenas aparentemente. Deus estava presente naquele momento e em todos os outros (1 Reis 17.1; 18.19).

Elias fez uso do ato profético para revelar aos israelitas a soberania de Deus, não somente sobre a história, mas sobre os fenômenos naturais. Ao final da prova de fogo, ordenou que matassem os profetas de Baal e Aserá seguindo a ordenança que constava na Lei de Moisés: 1 Reis 18.40; Deuteronômio 18.20.

Ao corajosamente usar a fé, não ceder à pressão estatal, o profeta serviu de instrumento de Deus para que os propósitos divinos fossem alcançados. Embora o coração de Acabe não tenha se convertido ao ver o resultado do confronto realizado no monte Carmelo, o povo se arrependeu diante da evidência que Jeová é o único Deus verdadeiro, a fonte de vida e bênção, e o perigo da apostasia total foi afastado.

A lição contida na persistente oração de Elias

Apesar de Deus avisar a Elias que iria chover, o profeta prostrou com rosto em terra e orou por sete vezes pedindo ao Senhor que abrisse as janelas do céu, acreditou que haveria resposta positiva da sua oração mesmo antes de qualquer evidência (1 Reis 18.1; 42-45). O apóstolo Tiago esclarece que a oração de um cristão pode ser tão eficaz quanto a de Elias (Tiago 5.17-18).

O escárnio de Elias e o clamor dos profetas de Baal

Eias era um homem sujeito às mesmas paixões carnais que qualquer um de nós. A situação de animosidade entre ele, Acabe, Jezabel e os sacerdotes de Baal, era intensa, algo grande e capaz de abalar seu lado emocional (1 Reis 18.17-18; Tiago 5.17).

No cume do Carmelo, enquanto os sacerdotes de Baal prepararam o altar e clamaram por mais de seis horas, e ao mesmo tempo se retaliaram, sem obter nenhum tipo de resposta, Elias caçoava de todos eles. Com certeza os sacerdotes pagãos ridicularizaram Elias e sua fé. Vivendo na Dispensação da Lei, que imperava o revide "olho por olho e dente por dente", o profeta deve ter replicado às zombarias que ouviu (Êxodo 21.24; 1 Reis 18.26-29).

A reação zombeteira de Elias é apresentada apenas como um relato, não há nas Escrituras uma posição afirmando que a atitude de escárnio era da vontade divina. Entretanto, encontramos entre os cristãos quem admire a postura irônica de Elias, e até o imite fazendo ironias também.

Zombar é escarnecer, aborrecer, comportar-se dando vazão aos sentimentos de ira e inimizade e ao mesmo tempo provocá-los no próximo. O Salmo 1 recomenda ao servo de Deus não assentar-se na roda de escarnecedores, quanto mais proceder igual a eles. Nenhum cristão deve comportar-se como um escarnecedor.

Conclusão

Estamos na Dispensação da Graça, o tempo das zombarias de Elias passou, é tempo de amar os semelhantes.

O cristão precisa dominar o ambiente em que está com atitude de mansidão. Ser manso não é ser fraco, é ser forte espiritualmente, é saber reagir com a firmeza de uma rocha, a pedra imóvel e inabalável diante de todas as intempéries."Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar." - Tiago 1.19.

Ame a todos. É preciso amar, porque a prática do amor se consiste no cumprimento do mandamento de Cristo.

Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes" - Mateus 5.38-42.

“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” - Mateus 5.43-45.

Ore em favor de quem não merece ser amado por você, peça a Deus que crie situações em que poderá praticar o bem para quem se comporta como seu inimigo. O amor é o vínculo da perfeição, quem pratica o amor vive em santidade, está distante do pecado como Deus orienta que esteja (Colossenses 3.14).

E.A.G.

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